Na minha aldeia
No Outeiro da minha aldeia,
Onde se semeia a minha alma,
Guardo a pacatez da vida aldeã,
Decoro a música do silêncio,
O som do tractor,
O riso das crianças na hora do recreio…
Na minha aldeia ainda há lenços na cabeça,
Vestes negras de luto e a esmolinha pela alma de quem já foi.
Na minha aldeia todas as fés,
Todos os mexericos
E todas as intenções
Conhecem o caminho da Igreja
E dos cafés.
Na minha aldeia o Futuro ainda dorme.
Só a Natureza transpõe a fronteira do tempo.
Na minha aldeia, a natureza não é exígua, só o habitante o é.
Na minha aldeia, não há limite de horizonte na imensidão da paisagem.
Na minha aldeia, o limite só afecta os ideais.
Na minha aldeia, o Homem não escraviza a Terra.
Na minha aldeia, só o Homem é escravo do Homem.
Se abrir com força a palma da minha mão
E esticar bem os meus dedos
Nela colocarei a minha aldeia.
A minha aldeia é tão grande como uma mão estendida, a humildade de quem dá e recebe.
Cá, no cimo do Outeiro, descansam as minhas raízes.
Se um dia me levarem daqui,
É aqui que permaneço.
Na minha aldeia.
Creixomil.
Ref:002C
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